Rompimento causou danos à saúde, intensificação de violências e comprometimento do meio ambiente
Levantamentos realizados pela Assessoria Técnica Independente apontam aumento da vulnerabilidade no município de Brumadinho
No ano em que completa 4 anos do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, o contexto de vulnerabilidade da população de Brumadinho vem se intensificando. A seguir, apresentamos alguns agravos ao meio ambiente, saúde e segurança no território, a partir dos estudos e levantamento realizados pela Aedas no trabalho de assessoramento às famílias atingidas.
Danos ao Meio Ambiente
Água para consumo:
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] 44% das coletas de água para consumo humano e subterrâneas nas comunidades de Brumadinho apresentaram alguma inconformidade físico-química devido a presença de alumínio, arsênio, bário, chumbo, cobalto, cromo total, ferro, manganês, níquel, selênio, zinco, vanádio, lítio e urânio.
Solo e solo superficial:
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”]14% das análises apresentaram alguma inconformidade físico-química com nível elevado de cobalto, cromo, níquel, ferro e manganês.
Poeira Intradomiciliar:
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] Identificação de metais derivados do rejeito, como alumínio, ferro e manganês. A maior ocorrência de manganês foi detectada nas áreas minerárias e de obras de reparação.
Peixes
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”]O estudo de bioacumulação em peixes detectou uma concentração de antimônio no tecido muscular do pescado principalmente na Zona Jusante, excedendo os limites preconizados para o consumo dos peixes.
Coliformes:
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] 63% das coletas apresentaram alguma inconformidade bacteriológica, como coliformes
Trilhos de ferrovia em Brumadinho (MG). Foto: Valmir Macêdo/Aedas
Dados Emergenciais de saúde segundo DataSUS
Saúde mental
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] Entre 2018 e 2019, houve o aumento de 60% nos procedimentos ambulatoriais em saúde mental. Os episódios depressivos foram responsáveis por 465 atendimentos entre 2015 e 2019. Destaca-se o aumento 3,69 vezes maior em 2019 em relação ao ano 2015. As reações ao estresse grave e transtorno de adaptação apresentaram 68 casos em 2018 e 933 casos em 2019.
Saúde do coração
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”]Doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas: – quando avaliada a taxa de internação em Brumadinho-MG, observou-se o aumento de 1.217 internações média por ano entre 2015 e 2018 para 6.086 internações registradas somente em 2019.Representa um aumento de 4 vezes em 2019.
Saúde da criança
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] Nos quatro anos anteriores ao rompimento a média atendimento de crianças menores de 10 anos era de 5.201,5. Em 2019, foram registrados 18.460 atendimentos, o que significa um aumento de 3,54 vezes a média dos quatro anos anteriores.
Saúde da mulher
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] Aumento de 7.886 atendimentos em 2018 para 30.654 atendimentos em 2019.
Saúde do homem
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] Aumento de 9.107 atendimentos em 2018 para 27.047 atendimentos em 2019, um aumento de 2,96 vezes.
Saúde do idoso
[icon name=”arrow-right” prefix=”fas”] Em 2018, foram 15.981 atendimento. Em 2019 aumentou para 35.824 atendimentos ambulatoriais. Isso significa 2,24 vezes mais atendimentos se comparado ao ano anterior ao rompimento.
Violências intensificam após o rompimento
O adoecimento da população de Brumadinho alia-se ao aumento da violência sentida nos territórios, como decorrência direta da situação que se instaurou após o rompimento das barragens.
De acordo com o Atlas da Violência, houve um aumento de 435,48% nas mortes violentas no ano do rompimento em relação ao anterior.
Somente no ano de 2022, foram relatados e registrados pela Aedas 33 casos de violência, sendo 60% do total de 55 casos já registrados pela assessoria desde 2020.
Fonte: Secretaria Estadual de Segurança Pública. Montagem: Comunicação Aedas
Insegurança versus lucro na atividade minerária
Viver em território minerário também contribui para o aumento da insegurança nos territórios. Em Brumadinho, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), há 27 barragens de mineração cadastrada, sendo que 2 barragens estão constando níveis de alerta e 5 barragens cadastradas com nível de emergência 1, ou seja, começando a apresentar algum risco.
Em contrapartida, a atividade minerária em Brumadinho segue a todo vapor e recursos financeiros arrecadados pela exploração mineral subiram após o rompimento segundo dados do CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais.
Texto: Felipe Cunha Gráficos: Aleff Rodrigues e Valmir Macêdo