


O ano de 2025 foi marcado por conquistas significativas, construção coletiva e muita luta pelas comunidades atingidas. No decorrer do ano foram realizadas diversas reuniões dos Grupos Temáticos e tivemos a entrega de oito Planos Populares, nos quais as comunidades construíram diretrizes para as medidas de reparação coletiva. Ainda teve muita negociação e a celebração da assinatura do tão sonhado Segundo Termo de Acordo Complementar (TAC 2).
Entre janeiro e fevereiro, as comunidades atingidas receberam a vista da Peabiru, consultoria contratada pela Aedas para auxiliar na elaboração dos Planos Populares que envolvem obras. Para a medida do Centro Comunitário, foram realizadas reuniões ampliadas com o objetivo de elaborar uma linha do tempo, resgatando as festas culturais, as tradições e as datas marcantes para as comunidades. As pessoas atingidas levaram fotos para contar e relembrar a história de Itatiaiuçu, narrando momentos importantes da vida pessoal e comunitária.
No mês mais curto do ano, fevereiro, jovens atingidos começaram a praticar capoeira, unindo música, dança e luta. Por iniciativa do assessor da Aedas, Cairo Costa, a prática da capoeira acontece duas vezes na semana, no escritório da Aedas em Itatiaiuçu. A valorização do esporte e a união da juventude trouxe um novo respiro e a possibilidade de sonhar com um futuro melhor. O grupo de capoeira tem se apresentado em diversas reuniões dos Grupos Temáticos, movimentando e enriquecendo os espaços de construção coletiva.
No mês de abril, representantes da Comissão de Atingidos(as), a Aedas e a equipe da Peabiru conheceram o Centro de Cultura e Artesanato Laudelina Marcondes, localizada no bairro Córrego do Feijão, em Brumadinho. A visita teve como objetivo conhecer o centro de cultura e entender o trabalho e as atividades realizadas no espaço, como forma de inspiração para elaborar o Plano Popular do centro comunitário.
O quinto mês do ano, maio, foi marcado por muita luta e diálogo. No início do mês representantes das comunidades atingidas participaram de uma audiência pública a convite da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A audiência foi realizada para debater e fazer um balanço da situação do descomissionamento de barragens construídas na técnica a montante em Minas Gerais, que é o caso da barragem Serra Azul em Itatiaiuçu.
No final de maio veio a renovação da esperança com a assinatura do Segundo Termo de Acordo Complementar (TAC 2). Foram mais de 4 anos na mesa de negociação para se chegar a este acordo, considerando que a assinatura do Primeiro Termo de Acordo Complementar (TAC 1), se deu em 2021. No TAC 2 está previsto como será a execução das 65 medidas de reparação coletiva propostas pelas comunidades atingidas e garantiu a continuidade da Assessoria Técnica Independente da Aedas no apoio e orientação no processo de reparação. O acordo também assegurou a contratação de instituições independentes para organizar, gerir e auditar a execução das medidas de reparação coletiva.
Para fechar o mês de maio, a ArcelorMittal reconheceu publicamente a sua responsabilidade pelos danos causados às comunidades de Itatiaiuçu com a divulgação de um pedido de desculpas. Uma vitória da luta das pessoas atingidas que depois de muita insistência, conseguiram que a mineradora se reconhecesse como causadora dos danos em virtude do acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM).
No mês de junho, as comunidades atingidas celebraram as vitórias conquistadas com uma festa junina regada com muito forró e o fortalecimento das tradições locais com a apresentação da Guarda do Congo São Benedito de Itatiaiuçu.
Em julho, a esperança foi renovada mais uma vez com a entrega dos primeiros Planos Populares. Foram entregues quatro planos com contemplaram 7 medidas de reparação coletiva:
- Contratação de 2 profissionais para Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS),
- Formação e Campanhas Educativas;
- Sistema de abastecimento de água em Lagoa das Flores;
- Quintais Produtivos Agroecológicos;
- Assistência técnica e Extensão rural;
- Projeto de alimentação animal alternativa;
- Fomento à Horta Comunitária;
No mês de agosto, as comunidades atingidas receberam a notícia sobre o fim das obras de construção da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ). Com a finalização da ECJ, a descaracterização da barragem poderá ser iniciada. O objetivo da ECJ é servir como uma barreira de proteção das áreas que ficam após a barragem, durante o processo de descaracterização, para segurar o rejeito e minimizar os danos ambientais e materiais, em caso de rompimento da barragem.
Outubro, o décimo mês do ano, mês do outubro rosa, foi marcado pelo fortalecimento das comunidades e avanços no processo de reparação coletiva. As pessoas atingidas da comunidade de Vieiras, participaram de uma formação sobre Povos e Comunidades Tradicionais. O encontro foi ministrado pelo professor, historiador e doutorando em História – UNICAMP, Francisco Phelipe Cunha Paz. A formação foi realizada a pedido da comunidade de Vieiras e teve como finalidade entender e conhecer o processo de identificação, reconhecimento e certificação de povos e comunidades tradicionais.
Nesse mesmo mês foi lançando o jornal Alô Assessoria, um novo instrumento de comunicação para aprimorar o diálogo e o acesso às informações das comunidades atingidas.
A segunda entrega de Planos Populares também foi feita em outubro. Foram entregues mais quatro planos que englobaram as medidas de reparação:
- Construção de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I);
- Cursos técnicos e profissionalizantes; Cursos Pré-vestibular e Enem;
- Programa de bolsas de cursos de línguas;
- Projeto de educação musical; Custeio de transporte para acesso às atividades esportivas e culturais;
- Programa de aulas de ginástica para pessoas idosas;
- Programa de aulas de dança, teatro e artes marciais em Pinheiros;
- Cursos de comunicação.
Para fechar o mês, grandes passos rumo à reparação coletiva foram dados, como a realização da primeira reunião do Comitê Local de Gestão e Monitoramento. Nesta reunião, os representantes do Comitê tomaram posse e iniciaram, oficialmente, as as atividades, que consistem em acompanhar a execução das medidas, discutir e buscar soluções para possíveis problemas que surgirem durante a implementação das medidas e analisar os relatórios das auditorias e outros documentos relevantes no processo de reparação. Também foi dado início ao processo de contratação das empresas: FGV, como Secretária da Reparação e EBP, como auditora finalística e financeira.
O penúltimo mês do ano, novembro, trouxe algumas novidades na Assessoria, uma nova Direção Colegiada foi apresentada, reforçando o compromisso da Aedas com a luta das comunidades atingidas em prol de uma reparação justa e integral.
Algumas pessoas atingidas participaram de atividades fora do território de Itatiaiuçu em novembro. Atingidas e atingidos do Grupo Temático (GT) de Meio Ambiente visitaram os Galpões de coleta seletiva da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo e Mário Campos (Acamares). As visitas foram para conhecer os espaços o e trocar experiências com catadoras e catadores, como forma de inspirar e buscar um futuro próspero para as pessoas catadoras de Itatiaiuçu.
Ainda em novembro, no intuito de resgatar as memórias e tradições do território, uma atingida do Grupo Temático (GT) de Atividades Culturais e Educacionais II e a equipe técnica da Aedas visitaram o ateliê do Congadeiro Nivaldo Nicolau, mais conhecido como “Doca”, em Divinópolis. A visita teve como finalidade entender como funciona uma oficina de fabricação de tambores: quais insumos são necessários, qual o valor da mão de obra e como deve ser o espaço para ofertar a oficina. A proposta de implementação desse tipo de oficina surgiu durante o GT.
Também foram realizadas mais duas reuniões, uma ordinária e outra extraordinária, do Comitê de Monitoramento nas quais foram tratadas as seguintes pautas: repasse e discussão sobre cada uma das medidas que compõem o Bloco Zero e discussão sobre a adoção do protocolo de mudanças para as referidas medidas.
Por fim, em dezembro, tivemos mais reuniões do Comitê de Monitoramento, mais encontros dos Grupos Temáticos e celebramos o ano que termina, que teve muitas conquistas, desafios, luta e união das comunidades atingidas.
Como Assessoria Técnica Independente reafirmamos o compromisso do trabalho da Aedas junto às comunidades atingidas pelo acionamento do PAEBM, na luta por uma reparação coletiva efetiva e com participação popular. Que em 2026, a esperança e a força se renovem, na expectativa da execução das medidas de reparação coletiva e na construção de uma vida digna para as pessoas atingidas de Itatiaiuçu!



































