Comissões de Atingidos do Médio Rio Doce elegem representantes para Instância Mineira de Participação Social 

Atingidos participam de reunião virtual com objetivo de eleger representantes para Instância Mineira de Participação Social do Rio Doce (IMPS/Doce)
Atingidos participam de reunião virtual com objetivo de eleger representantes do IMPS/Doce (Foto: Mobilização T3 / Aedas)

Entre os dias 6 e 12 de novembro, as Comissões Territoriais Locais de Atingidos e Atingidas, dos territórios 3, 6, 7 e 8, no Médio Rio Doce, realizaram espaços virtuais com o objetivo de eleger os representantes titulares e suplentes para a Instância Mineira de Participação Social do Rio Doce (IMPS/Doce). A Aedas, no papel de Assessoria Técnica Independente dos territórios citados, garantiu o assessoramento técnico para viabilizar o processo de votação.  

A instância mineira, prevista pelo novo Acordo Rio Doce, terá caráter informativo e consultivo. Isso quer dizer que as recomendações definidas pela Instância não são vinculantes, ou seja, não possuem obrigatoriedade de serem cumpridas pelo governo de Minas Gerais. Apesar de não ter o caráter deliberativo, a participação na IMPS/Doce permite que as pessoas atingidas tenham acesso às discussões sobre as ações do Estado e que possam realizar o monitoramento dessas ações e recursos.

Ainda assim, trata-se de um espaço importante para a participação das pessoas atingidas, que têm a oportunidade de acompanhar as obrigações e ações previstas no novo Acordo Rio Doce. Além disso, a Instância prevê oportunidade de fala aos atingidos e o custeio de despesas como hospedagem, transporte e alimentação aos participantes. 

Composição da Instância 

A Instância se compõe por onze representantes das comunidades atingidas, três representantes dos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais (IPCTs) e seis representantes do poder público. Os membros das comunidades atingidas serão eleitos pelas Comissões dos Territórios 1 a 8, que inclui os territórios assessorados pela Aedas no Médio Rio Doce: T3 (Vale do Aço), T6 (Conselheiro Pena), T7 (Itueta e Resplendor) e T8 (Aimorés). Além desses, haverá ainda 3 representantes de Mariana, Barra Longa, e Santa Cruz do Escalvado, Rio Doce e Chopotó.  

Os três membros que representam os Indígenas e Povos e Comunidades Tradicionais se dividem da seguinte forma: 1 membro dos povos indígenas, 1 representante das comunidades quilombolas, e 1 representante de outros povos e comunidades tradicionais. Os representantes do poder público são: 2 representantes da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG); 1 representante do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA); 1 representante do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG); 1 representante do Ministério Público Federal (MPF); e 1 representante da Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG). 

Comissões de Atingidos do Médio Rio Doce elegem seus representantes 

A metodologia das eleições dos representantes da IMPS/Doce ficou a cargo das próprias Comissões, que decidiram por votação em maioria simples. Todas as reuniões online obtiveram quórum, ou seja, acima de 50% dos membros presentes. Dessa forma, as votações são válidas com a leitura e aprovação de ata.  

Os representantes eleitos pelas respectivas Comissões Locais Territoriais são: 

T3 (Vale do Aço)  

Titular – Moisés Gomes da Silva 

Suplente – Maria Madalena da Silva 

T6 (Conselheiro Pena) 

Titular – Maria Célia Albino 

Suplente – Sônia Batista Cardoso 

T7 (Resplendor e Itueta

Titular – Marília Vieira de Almeida 

Suplente – Renato Correia de Oliveira 

T8 (Aimorés) 

Titular – Emmerson Madeira 

Suplente – Benilde Madeira 

As instituições responsáveis indicaram que a posse e primeira reunião da IMPS/Doce deve acontecer no dia 28 de novembro de 2025.

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A primeira reunião do IMPS/Doce deve focar na redação de seu primeiro regimento. Contudo, isso não significa as eleições dos representantes não tenham regras e recomendações. Conforme a Cláusula 4 do Anexo 6 do Novo Acordo de Reparação, a composição inicial dos representantes observará as indicações da articulação de Câmaras Regionais. A articulação é composta por representantes previamente indicados pelas Comissões Locais Territoriais no Encontro da Bacia do Rio Doce e Litoral Norte Capixaba, realizada em agosto de 2024 em Belo Horizonte/MG. Dessa forma, respeitam-se as decisões tomadas pelas pessoas atingidas anteriormente ao novo acordo.

A portaria responde ainda dúvidas como a periodicidade do mandato, que será de dois anos, prorrogáveis por mais dois anos, e abre a possibilidade de participação de convidados. Poderão participar, com direito a voz, um representante da Defensoria Pública da União; as auditorias externas independentes responsáveis pela avaliação das obrigações do Acordo; órgãos e entidades do Poder Executivo estadual; e entidades públicas ou privadas, especialistas e técnicos, que possam contribuir com a pauta de cada reunião. As reuniões serão realizadas preferencialmente de modo presencial, ordinariamente a cada dois meses, podendo ser convocadas extraordinariamente mediante justificativa e aprovação por unanimidade dos membros.

Conforme o parágrafo segundo da Cláusula 1 do Anexo 6 do Novo Acordo de Reparação, as ATIs devem prestar apoio técnico e operacional às reuniões. No entanto, a portaria não especifica a natureza deste apoio.

Texto: Luciano Alvim (Comunicação Rio Doce) com informações das equipes de Mobilização dos Territórios 3, 6, 7 e 8 do Programa Médio Rio Doce da Aedas.